domingo, 19 de abril de 2009

Motorhead no Abril pro Rock



O Recife viu ontem no Chevrolet Hall o que pode ser a última unanimidade do rock mundial. O trio inglês Motörhead tocou numa casa cheia para um público que se espremeu para ficar mais perto do guitarrista Phil Campbell, do baterista Mikkey Dee e do "senhor rock and roll" Lemmy Kilmister, baixista e vocalista da banda. E o que essa turma viu foi um dos melhores shows já realizados no Abril Pro Rock, com direito até mesmo a efeitos especiais.
Por volta das 23h o grupo britânico subiu ao palco e já foi atacando de Iron fist e, logo em seguida, Stay clean, provocando não uma roda, mas uma maré de pogo e bate-cabeça. Daí foi um desfile de clássicos como Metropolis e Over the top, além de músicas do novo álbum Mötorizer.
Em Going to Brazil, já no fim do show, a homenagem de Lemmy e o retorno do público, que literalmente conversava com o vocalista. No bis, a surpresa: as cordas distorcidas deram lugar a violões acústicos, uma pandeirola e uma gaita. Era a hora do acústico Whorehouse blues, momento de descanso para as duas pedradas finais.
Um verdadeiro levante foi provocado pelos primeiros acordes de Ace of spades, a música que fez a fama do Motörhead. Quem assistia dos camarotes deve ter visto o público como água borbulhando numa panela, tantos eram os focos de pogo. A banda fechou com a apoteótica Overkill e sua sequência de três "finais" uma explosão de gelo seco no ar.
Duas coisas impressionam no Motörhead. A primeira é a universalidade de sua música. Assistindo ao show havia punks, skinheads, rockeiros moderninhos e fãs das várias subdivisões do heavy metal, da mais tradicional à mais extrema. Havia crianças, adolescentes, adultos e velhos. Uma verdadeira celebração.
A segunda coisa é sinergia que a banda tem com o público, mesmo tendo uma presença de palco notoriamente lacônica. Eles não correm, não saltam, nem fazem caras e bocas, mas se comunicam muito bem com a plateia. Phil passeia com sua guitarra de forma quase casual e troca comentários com os garotos pendurados na grade em frente ao palco. Lemmy fuma seu charuto, toca numa velocidade incrível sem parecer se mexer, mas aponta seu dedo e sinaliza com a cabeça, respondendo a alguma pergunta que lhe foi dirigida.
A exceção é Mikkey Dee. O baterista dá show. Ele se levanta do instrumento, pede para que batam palmas, gritem, corram. Seu solo de bateria na metade do show durou vários minutos e culminou com Mikkey arremessando seu jogo de baquetas reservas para o alto.
O ponto fraco do show foi, mais uma vez, a acústica e o tratamento de som do Chevrolet Hall. Bem melhor que na edição do ano passado, o Abril Pro Rock 2009 ainda sofreu com um som por vezes abafado, outras vezes embrulhado. Pior, vez por outra público e bandas foram atacados pelo apito da microfonia. O defeito incomodou Lemmy, mas não foi suficiente para irritar o vocalista. Também não foi suficiente para diminuir o brilho deste show que vai entrar para a história.

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